domingo, 8 de janeiro de 2012

De todas as coisas o que mais valeu foi nada

De frente da janela as coisas passam como um filme, o homem descendo a rua, o cachorro correndo atrás do pássaro que ali parado estava, tudo muito colorido tudo muito sem sentido, as pessoas não são daquele lugar.
Um novo paraiso foi criado diante dos olhos daquele menino que sonhava em ser grande, em ter um nome, agora que ele já tinha seu lugar, nunca mais pensou em fazer as coisas acontecerem, apenas ficava ali jogando com o relógio, um jogo o qual só ele conhecia as regras.
Difícil foi o dia em que o homem que descia a rua descalço olhou para ele através da janela, e lhe acenou um tchau. Ele não era mais invisível. Descobria ali que poderia ser muito mais do que era, pegou a cadeira do canto da mesa e levou para fora, sentou debaixo da janela, que costuma ficar olhando.
Um gato se aproximou dele, ele sem reação, o menino, ficou olhando nos olhos do gato, até que o mesmo deu um miado e pulou para a casa do vizinho.
As horas passavam junto com os carros e as folhas das arvores que caiam sobre sua cabeça, e sem explicações nenhuma, o garoto se levantou, subiu na arvore que tinha do outro lado da rua e se sentou no galho mais alto que poderia chegar, e num piscar de olhos
Ele envelheceu.
Já um senhor de 70 anos, desceu da arvore, atravessou a rua sem dificuldades, pegou sua velha cadeira, colou no canto da mesa, olhou pela janela toda embaçada o reflexo dos olhos do gato em seus olhos de criança.